A vida é assim, neutra. Absolutamente neutra.
Todos os aspectos, cores, cheiros, formas, etc, somos nós
que a infringimos. Fazemos isso com total autoridade, sem abertura a um novo
olhar, questionador, duvidoso, atrevido, inusitado. Sem ser diferente, ou maior
ainda, ousado.
Estamos negligentes, mas certos! Colecionamos certezas, construímos
verdades, formatamos o mundo, enquadramos a vida para desfrutar depois. Depois,
é só reclamar. Essa é a distração de
muita gente, que ainda não aprendeu a se divertir. Não descobriu a arte de colorir!
A vida é assim, exagerada!
Sob o olhar fixo, estreito, focado em benditos valores,
perseguimos resultados. Ficamos míopes, perdemos o caminho, o encontro, reduzimos
experiências, passamos apertados.
Apertado, é um jeito de viver para quem ainda não abdicou de
ser julgado. Desconhece o gozo de ser expandido, exagerado!
A vida é assim, ordenadamente caótica!
Exaustiva, aos olhos que só alcançam a disciplina na lógica
da ordem. Sem o olhar educado, viciado, o caos é beleza, puramente leveza.
O caos é vida relaxada, doutrinada na adaptação, no improviso,
espontaneamente livre, flexível e estruturada. É um constante ajuste, num eterno, único e
duvidoso desajuste.
Sem comando, em harmonia, a ordem e o caos movimentam-se
lindamente, do início ao fim, em um interminável espetáculo. São os dançarinos,
a dança e a música, os aplausos e o público, o palco e a plateia. Inteiros, completos, entregues!
A vida é assim, absurdamente
paradoxal!
É perder para ganhar e é ganhar para perder. Um jogo, só de
vencedores, despreocupados em classificar fatos e acontecimentos, como vitórias
ou derrotas.
Ganhos ou perdas estão marcando o placar de jogadores
limitados, medíocres, pobres de espírito, tacanhos, derrotados!
Quando temos tamanho para perder, ficamos gigantes, cada vez mais. Vencemos os Gigantes.
Porque transcendemos os preconceitos, ilimitamos
a viagem e vivemos, no fracasso, o
sucesso. É no paradoxo que a vida sai da realidade e vira um sonho. Um sonho,
de verdade!